domingo, 26 de dezembro de 2010

«Quando me amei de verdade comecei a livrar-me de tudo que não fosse saudável...


«Quando me amei de verdade comecei a livrar-me de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me atirasse para baixo. De início, a minha razão considerou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama... Amor-próprio.»
Charles Chaplin
Não precisamos inventar as melhores frases, mas devemos saber ler, seleccionar e aproveitar muito bem aquelas que podem fazer toda a diferença e contribuir para a nossa forma de ser e estar na vida, porque só na busca constante da felicidade é que nos tornamos verdadeiros humanistas.
Em tempos, pensava erradamente, via que ao dar atenção a tudo e a todos estava a contribuir com a minha parte para o bem-estar colectivo. Aos poucos, fui-me apercebendo que havia atitudes de pouca lealdade e que a felicidade de uns, muitas vezes, não implica a de outros.
Neste tempo natalício, as luzes parecem piscar em qualquer esquina em que nos encontremos. Às vezes brilham mais outras menos, apenas depende do investimento que se faz ou do tempo climatérico que também tem uma palavra a dizer sobre esse mesmo brilho. Acreditado que o brilho pode ser maior ou menor, apenas dependendo do investimento de cada um, considero imprescindível um investimento profundo nas relações humanas. Estas, por sua vez, só prevalecem se os projectos traçados conseguirem acompanhar o desenrolar dos acontecimentos e com isso aumentar o seu investimento.
O que adianta dizer a verdade aos surdos ou mostrá-la aos cegos?
A ignorância continuará a ser a fraqueza dos pobres de espírito e o aproveitamento dessa mesma ignorância será a arma do oportunismo sem escrúpulos.
Em Belém nasceu um Menino, há muitos anos, numa manjedoura, cresceu e derrubou o comércio que se encontrava no templo de seu pai. E hoje? Será que também deixamos esse mesmo Menino nascer ou será que dá jeito continuar a aproveitar o templo para comércio e promoção de pequenos poderes?
A Igreja, um dos pilares da sociedade (já o foi mais), não pode ser uma farsa onde os erros acontecem e se juntam logo os fariseus para abafar o que se passa. A Igreja tem de ser exemplo e admitir as suas fragilidades (honra seja feita a Bento XVI). Um caminho a seguir.
Não adianta atirar areia para os olhos de quem vê. Nem embelezar altares para abafar a maledicência. Onde há fumo há fogo! E, nestes tempos, a cultura está ao alcance de quem se quiser cultivar, o que significa que todos podem procurar essa mesma verdade e não se deixam enveredar por meias verdades ou mesmo mentiras.
Não acredito naqueles que querem fazer da Igreja de Deus à imagem e semelhança deles, pregando uma doutrina de conveniência para os seus prazeres e dos seus falsos profetas, que se aproveitam para benefícios pessoais.
Neste tempo de Natal, tempo que significa a união familiar para a nossa cultura, gostava de dizer ao Menino que acredito na sua doutrina, apenas. Acredito que é possível seguir o seu caminho com os modelos que ele deixou, muitas vezes atribulado, mas sempre possível de retomar se assim o pretendermos. Aproveito também para pedir que haja a mesma verdade em todas as Igrejas e mais brilho nas palavras e nas acções.
Um Natal Feliz,
Pedro Miguel Sousa
in Jornal Povo de Fafe (31-12-2010)