Blog Montelongo, o único órgão que não censurou os
meus artigos em Fafe
Quando me apercebi,
estava a ser convidado para escrever no Blog Montelongo que não conhecia muito
bem. Reparei que o meu blog, Pedro Miguel Sousa, inicialmente criado para um projeto
político com o nome Pedro Sousa Fafe e, depois, para colocar os artigos de
opinião que publicava no jornal Povo de Fafe já aparecia nos blogues em destaque. Essa é a razão do próprio nome,
ou seja, usava e uso o nome que estava registado na Comissão da Carteira Profissional
de Jornalista.
Fiz amigos. Organizei um
debate com os camaradas do Club Alfa, onde participaram pessoas de diferentes
posições, e já estamos a organizar o próximo. Só estou mesmo à espera que a
gráfica me entregue as revistas que serão distribuídas nesse dia que contém
excelentes artigos de gente que também escreve em blogues. Conheci finalmente o
que tanto queria que acontecesse e que na Imprensa Escrita nunca fora
alcançado: uma liberdade total, onde eu fosse o único responsável pelo que
escrevia e, por isso, poderia publicar o que bem me apetecia. Sim! Eu
responsabilizo-me pelo que faço, não preciso ter um inquisidor que me diz o que
posso e não posso… ainda que todos saibamos as razões de isso acontecer.
O Blog Montelongo
influenciou decisões políticas. Obrigou os agentes da autarquia a arrepiar
caminho e estar mais atentos ao que a população desejava. Já não estavam mais a
trabalhar num campo em que a comunicação estava controlada, agora o campo está
minado… e pode explodir a qualquer momento.
Os leitores do blogue são
mais exigentes. Uns têm coragem de dizer tudo e assinam, outros com o anonimato
dizem o que já todos sabemos, mas dizem e, nestas coisas, quem não deve não
teme. Não é a crítica pela crítica como alguns tão conhecidos tentaram mostrar,
até para denegrir a imagem da blogosfera, mas é a crítica porque fazem mal ou
só fazem conforme as conveniências. Há também a crítica que nós procurávamos,
mas nem todos a entendiam, a construtiva. Não é fácil escrever uma crítica, há
pessoas que ainda hoje não percebem o que significa ‘crítica’. Quem dera aos
escritores terem uma crítica aos seus livros…
A democracia não estava
em Fafe. As pessoas tinham medo (e ainda têm em certos casos) de falar porque
diziam: ‘podemos precisar deles’. Este clima de medo, instalado e enraizado
nesta pequenez de cidade, deixava-me ‘enojado’.
Fafe está hoje a
acordar de um coma profundo. As
últimas eleições revelaram um desprendimento monárquico e com tiques
ditatoriais. E nas aldeias? Os cães de guarda andavam por todo o lado…
ameaçavam as pessoas se não fossem seguidores do regime. E o que faziam os
poderosos quando sabiam? Nada! Não estou a falar antes do 25 de Abril, até porque
só nasci em 1979.
O Blog Montelongo cumpriu
a sua missão! Estou muito orgulhoso de ter pertencido a essa geração de malta
bem disposta que marcou ‘Presença’ em Fafe. Qual Geração da Presença? Qual
Geração Rasca? Que revolucionou a forma de pensar. Que fez a tão desejada
“Revolução Cultural”. Os seus textos não podem ser perdidos. Um dia, mesmo que
seja daqui a 30 anos, alguém vai pegar nestes textos e estudar sociologicamente
o que aqui se passou e, sem dúvida, Fafe ficará mais rica.