quinta-feira, 8 de maio de 2014

Liberdade chega a Fafe 40 anos depois da Revolução dos Cravos

Blog Montelongo, o único órgão que não censurou os meus artigos em Fafe

Quando me apercebi, estava a ser convidado para escrever no Blog Montelongo que não conhecia muito bem. Reparei que o meu blog, Pedro Miguel Sousa, inicialmente criado para um projeto político com o nome Pedro Sousa Fafe e, depois, para colocar os artigos de opinião que publicava no jornal Povo de Fafe já aparecia nos blogues em destaque. Essa é a razão do próprio nome, ou seja, usava e uso o nome que estava registado na Comissão da Carteira Profissional de Jornalista.
Fiz amigos. Organizei um debate com os camaradas do Club Alfa, onde participaram pessoas de diferentes posições, e já estamos a organizar o próximo. Só estou mesmo à espera que a gráfica me entregue as revistas que serão distribuídas nesse dia que contém excelentes artigos de gente que também escreve em blogues. Conheci finalmente o que tanto queria que acontecesse e que na Imprensa Escrita nunca fora alcançado: uma liberdade total, onde eu fosse o único responsável pelo que escrevia e, por isso, poderia publicar o que bem me apetecia. Sim! Eu responsabilizo-me pelo que faço, não preciso ter um inquisidor que me diz o que posso e não posso… ainda que todos saibamos as razões de isso acontecer.
O Blog Montelongo influenciou decisões políticas. Obrigou os agentes da autarquia a arrepiar caminho e estar mais atentos ao que a população desejava. Já não estavam mais a trabalhar num campo em que a comunicação estava controlada, agora o campo está minado… e pode explodir a qualquer momento.
Os leitores do blogue são mais exigentes. Uns têm coragem de dizer tudo e assinam, outros com o anonimato dizem o que já todos sabemos, mas dizem e, nestas coisas, quem não deve não teme. Não é a crítica pela crítica como alguns tão conhecidos tentaram mostrar, até para denegrir a imagem da blogosfera, mas é a crítica porque fazem mal ou só fazem conforme as conveniências. Há também a crítica que nós procurávamos, mas nem todos a entendiam, a construtiva. Não é fácil escrever uma crítica, há pessoas que ainda hoje não percebem o que significa ‘crítica’. Quem dera aos escritores terem uma crítica aos seus livros…
A democracia não estava em Fafe. As pessoas tinham medo (e ainda têm em certos casos) de falar porque diziam: ‘podemos precisar deles’. Este clima de medo, instalado e enraizado nesta pequenez de cidade, deixava-me ‘enojado’.
Fafe está hoje a acordar de um coma profundo. As últimas eleições revelaram um desprendimento monárquico e com tiques ditatoriais. E nas aldeias? Os cães de guarda andavam por todo o lado… ameaçavam as pessoas se não fossem seguidores do regime. E o que faziam os poderosos quando sabiam? Nada! Não estou a falar antes do 25 de Abril, até porque só nasci em 1979.

O Blog Montelongo cumpriu a sua missão! Estou muito orgulhoso de ter pertencido a essa geração de malta bem disposta que marcou ‘Presença’ em Fafe. Qual Geração da Presença? Qual Geração Rasca? Que revolucionou a forma de pensar. Que fez a tão desejada “Revolução Cultural”. Os seus textos não podem ser perdidos. Um dia, mesmo que seja daqui a 30 anos, alguém vai pegar nestes textos e estudar sociologicamente o que aqui se passou e, sem dúvida, Fafe ficará mais rica.