Sou a favor da
praxe!
Não sou a favor da ‘estupidez’
na praxe! Sou totalmente contra qualquer ‘doutor’ frustrado que não sabe o que
a praxe significa e quer mostrar a sua raiva de autoritário sobre o caloiro que
é seu semelhante porque também pertence à mesma Academia.
Sou contra os “praxistas” como sou contra os “anti
praxe”. Ambos não respeitam a
liberdade.
Tive a feliz sorte de
entrar na minha primeira opção: Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesa na
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Quando lá cheguei, as coisas
pareciam-me um pouco estranhas, visto que estava habituado a viver em
comunidade e nos primeiros dias sentia-me um pouco sozinho na casa que arrendei.
Mas foi ‘sol de pouca dura’! A malta do meu curso era um pouco invejada. Ainda
que os telemóveis fosse na altura coisa de ‘riquinhos’, o que não era o meu caso,
só tive o primeiro telemóvel dois anos depois, havia lugares da cidade que eram dos ‘clássicos’
e logo me foram apresentados para que a gente se encontrasse. O primeiro passo estava ganho. O segundo foi
entrar para uma Residência de Estudantes – Residência Universitária João
Jacinto, onde fui recebido e tratado como um senhor. E em terceiro lugar surgiu
o convite de entrar numa República. Ao contrário de algumas outras que proibiam
os estudantes de entrar de ‘capa e batina’, a República da Praça, a minha
República, tinha malta que não usava mas outros que não só usavam como faziam
questão de seguir as regras do código da praxe. Sim, o código da praxe, porque
Coimbra tem um código da praxe.
A praxe não é igual em todo lado. É verdade que também vi
muita estupidez. E também é verdade que me insurgi contra alguns colegas que às
vezes queriam abusar de uma ou outra situação dos caloiros e à minha frente não
se safavam muito. Sabem porquê?
Muito simples: a praxe
que me incutiram, a malta do meu curso, da minha Residência e muito da
minha República foi uma praxe de ajuda mútua. O caloiro anda à procura de casa?
Vamos levá-lo lá! Os pais do caloiro precisam de alguma orientação? Nós estamos
aqui! O caloiro está doente? Toca a perguntar se precisa de alguma coisa porque
nós somos a família dele em Coimbra.
E as brincadeiras? É pá,
trincar nabos? Já o fiz à dentada como mandam as regras e de garfo e faca, uma tradição da minha república. Os
doutores praxistas ficavam irritados, As doutoras pediam para tirar fotos com
elas porque era original (Esta malta mais velha sabia-a toda).
A praxe para mim é isto!
Cantar, saltar, beber (só se apetecer e nunca obrigar) e ajudar, ajudar,
ajudar!
Nunca gostei de ver os ‘anti
praxe’ que penduram bonecos trajados ou que não deixam entrar nas suas casas de
Capa e Batina, isto só revela falta de liberdade.
Por estas e por outras, a
minha República, a República da Praça que fica na Praça da República é a
melhor. Quem vier por bem é bem-vindo!
A Inês, a menina da foto,
é a “caloira” dos jantares semanais que fazemos em Coimbra na Mansão do Olimpo.
Porque a caloirinha não gosta de feijões, o Fernando (cozinheiro de serviço)
preparou-lhe um prato especial.
Malta, é assim que se tratam os caloiros!
Foto por Tita Vale (Estudante de Medicina na UC)
Foto por Tita Vale (Estudante de Medicina na UC)