sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Hora de mudar de rumo ou continuar na mesma?


                A cidade de Fafe é governada por mais do mesmo há tempo de mais, não acham? Não se preocupem em dar a resposta, até porque eu sei que a maior parte vai dizer que não. Eu não fui mau aluno a matemática, por isso sei olhar para os números resultado das eleições e ver o óbvio, mas também já aprendi a ver para além do simplesmente observável e é essa a única razão que me leva a mostrar tal descontentamento.           Às vezes até surgem umas ideias interessantes, o problema é que vêm sempre de fora do poder político, não sei se já tinham reparado, por isso mesmo está na hora de arrepiar caminho e colocar lá quem realmente tem mais capacidade de trabalho em prol da polis.
                Na Educação e na Cultura, ninguém ficou indiferente às Jornadas Literárias. Mesmo quem não participou de perto, como é o nosso caso, reconheceu que a iniciativa do Professor Carlos Afonso foi um sucesso. A pergunta que se coloca é muito simples: quem está na origem? Todos sabemos que não foi a autarquia, esta só se encostou à brilhante ideia, além do mais, enquanto uns trabalharam voluntariamente outros, segundo informações de participantes, faziam-se pagar por horas extras ao serviço da autarquia. É claro que todo o trabalhador tem direito ao seu salário, mas é desconfortável estar a dar o corpo ao manifesto e outros mesmo ao lado, a maior parte das vezes com maior visibilidade, que até pouco fazem, receberem quantias chorudas só porque estão presentes. Mais uma pergunta se coloca: ‘vou trabalhar de graça numa atividade e quem fica na fotografia são os senhores fulaninhos?’ Se realmente é verdade, as iniciativas do associativismo voluntário continuam a servir para que uns trabalhem e outros metam dinheiro ao bolso, parece-lhes justo?
                Nas infraestruturas, começa a ser demasiada promessa para tão pouca obra. Iam construir: escolas? Hospitais? Reparação de estradas? Praias fluviais? Onde é que está tudo isso?
                Já na saúde nem se metem. Até lá tiveram um homem de confiança na direção do Centro de Saúde, que agora será candidato à Câmara nas próximas autárquicas se não mudarem de ideias até lá, mas na Extensão de Saúde de Regadas não conseguiu colocar a funcionar o modelo das USF como nos outros centros do concelho. É verdade que o diretor que veio a seguir também não, mas o facto é que a Câmara nunca se meteu nisso. Falta de coragem? Não é um assunto da sua responsabilidade? Digam o que disserem, o poder político tem o dever e obrigação de ajudar a melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, ao saber que isso acontece, porque foi divulgado vezes sem conta na comunicação social, só tinha de intervir… em pleno século XXI é ridículo ter de estar de madrugada à espera para marcar uma consulta…
                Espero que não pensem que considero que a Câmara só tem gente incapaz, bem pelo contrário, conheço e reconheço qualidades em muitos dos seus trabalhadores, mas também tenho de dizer claramente que eles ou não são ouvidos ou não são aproveitados. Por exemplo, já ninguém tem dúvidas do poder alcançado por Jesus Martinho no campo da cultura, pessoa que conheci primeiro como blogger e só depois soube que era funcionário da autarquia. Não seria mais proveitoso a Câmara aproveitar o conhecimento de alguém que defende tanto a cultura? Percam 5 minutos do vosso tempo e comparem o site da Câmara e o blog do Martinho, facilmente concluirão que há um funcionário que tem mais visitas no seu espaço do que as páginas culturais da Câmara. A pergunta que eu coloco: Interessará à Câmara defender o mesmo que defende Martinho? E Artur Coimbra? Este nome não precisa de apresentações, será tido em consideração na altura da construção de determinadas obras que destroem sempre algum marco histórico do nosso património? Já agora, Luís Meireles, outro nome grande no campo da comunicação social, com uma cultura e visão interessante…
                Como podem ver, não é por falta de gente capaz que a Câmara não pode produzir mais e melhor, mas acredito que seja por não saber aproveitar os recursos humanos que dispõe. O que Fafe precisa é de um gestor de recursos altamente qualificado.
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (23-11-2012)