sábado, 7 de julho de 2012

Um país que não exporta também não gera riqueza


            Os impostos são a arma do mais fraco. Faltam estudos para a criação de novas empresas. Nem todos os cidadãos podem ser empresários. É vergonhoso a redução desmedida de salários. Continuar a votar nos políticos profissionais é dar esmolas chorudas aos ricos. Revolução de mentalidades precisa-se!
            Este país vive há muitos anos debaixo das teias do poder, mas não é de um poder qualquer. Os políticos são acusados sistematicamente pelas trapalhadas que acontecem, embora a lógica seria essa, ou seja, eles mandarem e por isso serem apontados quando alguma coisa falha, a verdade é que a maior parte das vezes não passam de ‘paus mandados’ ao serviço dos grandes interesses económicos. O resultado de tudo isto sobra sempre para o lado mais fraco: como não podem impor-se contra o grande capital, viram-se para o povo ou melhor para os seus impostos. Carga fiscal sobre carga fiscal.
            Já começa a cansar ouvir tantas referências à necessidade de criar novas empresas, pequenas e médias dizem eles, mas a grande questão que se impõe é: Empresas de quê? Portugal é um país extremamente pequeno, mas tem muitas potencialidades que podem incidir sobre muitos e diferentes sectores, mas para isso é preciso, de uma vez por todas, concentrar energias e criar um plano de intervenção, não só para criar empresas com vista à exportação mas sobretudo que não se atropelam mutuamente neste retângulo minúsculo. Ao mesmo tempo, importa perceber que nem todos podem ser empresários, nem todos podem abrir uma mercearia ou um café, mas todos podem e devem contribuir, por isso, ao pensar em novos investimentos, é importante pensar no número de trabalhadores necessários e apoiar as empresas que iniciam atividade e conseguem reunir nos seus quadros o maior número de trabalhadores. Se uma empresa produz vai gerar riqueza, se tem trabalhadores vão pagar impostos, vão comprar casa, logo estão todos a contribuir para a riqueza do país. É preciso mais alguma coisa?
            Nenhum país avança com o descontentamento da sua população. O ordenado miserável proposto aos enfermeiros, e não só, é o sinal da fraqueza de um estado que apostou muito dinheiro na formação de profissionais e que agora os quer impedir de exercer as suas funções. Será isto sinal de inteligência? Não seria mais firme uma posição de rentabilização de recursos de modo a distribuir profissionais qualificados por outras valências de acompanhamento social, onde os utentes tantas vezes são tratados como lixo por gente sem escrúpulos?
            A grande preocupação dos políticos não passa de todo pela governação do país, mas pela obediência aos seus chefes, aos patrões que lhes garantem a candidatura de quatro em quatro anos. Alinhar com o partido é a regra base para quem precisa manter o seu tacho. As teorias sobre empreendedorismo, património, educação… e tantas outras não passam de farsas, porque na hora da verdade, as ideias ficam na cabeça ou o lançamento de livros nas gavetas, porque impor-se contra os ‘tubarões’ é assassinar o ordenado gigante.
            Revolução de mentalidades precisa-se!

Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (06-07-2012)