sexta-feira, 17 de junho de 2011

O valor da amizade


Quanto vale a amizade?
Quantificar a amizade soa a estranho. É uma espécie de mercadoria humana que se compra num desses hipermercados que aumentam os preços consoante a altura do mês. Mas, por outro lado, pesar a amizade já é bem mais agradável, principalmente se esta for maciça.
‘A vida’ é mesmo o melhor dos livros!
O percurso de cada ser humano vai sendo construído mediante o passar do tempo. As palavras e imagens que figuram nesse instrumento de ensinamentos são mais ou menos apelativas conforme a aposta de cada um neste enorme conjunto de opções que todos são chamados a fazer a cada instante. Sem dúvida, um dos melhores momentos da vida humana é a criancice que tem o sentimento de perdão bem perto do coração, a adolescência vai oscilando entre o perdão e as primeiras inimizades, mas o tempo adulto é o acentuar de todas as perturbações e diminuiu a vontade de perdoar. Surge, nesse momento, a divisão notória: ou és meu amigo e estás comigo ou não passas de um impostor que varias conforme te dá mais jeito e não serves para meu amigo.
A vida adulta é mais severa. Não há tanto tempo para parar, porque o mundo parece correr mais rápido e o dever de cumprir com certas obrigações não dá azo a essas reflexões. No entanto, quando nos é permitido avaliar o que nos rodeia e sobretudo quem nos rodeia, verifica-se que há mesmo cortes que têm de ser feitos, há caminhos que precisam ser evitados, mas mesmo com tudo isto, uma certeza começa a ganhar contornos, precisamente na altura de maior lucidez humana, é o momento em que o indivíduo começa a cortar com as amarras da timidez, ingenuidade, bandeiras… este é o patamar que nem todos conseguem alcançar. Mas só esses é que se libertam definitivamente dos preconceitos, porque conseguem atingir muito para além do invisível e, o que ontem tinha importância, hoje não passa de um momento de diversão.
No final da história, só restam os verdadeiros amigos. Os que não deixam de dar um abraço quando festejamos mas sobretudo quando fraquejamos. Os que dizem sempre a verdade, independentemente se concordam ou não com as nossas tomadas de posição. Na verdade, não são precisos muitos para nos sentirmos felizes, basta ‘os amigos’!
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (17-06-2011)