sexta-feira, 18 de março de 2011

‘Sou da Geração…’


… que não podia esperar muito mais do que o que se está a passar neste momento!
Milhares de pessoas, de idades muito diferentes, marcaram as principais praças deste país, desfilando pacificamente contra políticas que teimam em nada nos beneficiar. Desta vez, o que merece maior aplauso, não havia qualquer organização política a comandar as tropas, apenas a força e determinação de quatro jovens que já marcaram a história deste país com a sua astúcia e perspicácia.
Neste momento, depois de tantos comentários sobre o que realmente se passou, é chegada a hora de questionar o que realmente se está a passar e o que se deve fazer para alterar o rumo péssimo para o qual caminhamos. Não serão mais os milhares de pessoas que saíram à rua o tema principal de discussão, mas sim o encontrar de soluções para que estes e os outros todos não precisem de voltar a fazer o mesmo.
«Geração à rasca – a nossa culpa», um tema publicado no blog ‘Assobio Rebelde’ (http://assobiorebelde.blogspot.com), o seu autor, que assume responsabilidades, dá conta dos erros continuados e que provocaram esta crise. Entre muitas outras situações destacamos duas fundamentais: na primeira – fala do tipo de vida que os jovens levam, uma vida que a maioria das pessoas foi privada na sua juventude, mas conseguiu dar isso aos seus filhos como um curso superior, o primeiro carro e dinheiro no bolso para os concertos e outras extravagâncias; a segunda – refere-se directamente à responsabilização com a falta de educação e formação que não souberam dar.
Estas são palavras sábias, retrato de um país com exactidão. A culpa tem de ser de alguém, se bem que não é mais essa que interessa mas sim a resolução dos problemas. Nós, a geração rasca agora à rasca, fomos mesmo uns privilegiados. Pudemos estudar nas melhores Universidades deste país, tivemos sempre a carteira dos nossos pais para nos proteger e nunca nos faltou uma camisa lavada ou umas calças novas para sair ao lado dos meninos mais ricos. Nós, geração à rasca, somos apenas vítimas do esbanjamento! Estamos todos à rasca, mesmo todos e de todas as idades. A crise não é só para a nossa geração, até porque nós teremos um futuro mais promissor, uma vez que os nossos pais apostaram na nossa formação, mas o mesmo não poderão dizer os mais velhos que viveram momentos de loucuras e ilusões e os empregos também não chegam para eles. O país está em crise em todos os níveis.
Referimos e sublinhamos, novamente, a palavra ‘crise’. Não adianta mais um Primeiro-Ministro vir dizer que ‘se a Assembleia da República não aprovar o PEC 4, entraremos em crise política’, pois essa já está instalada e Sócrates é o principal responsável. Terá de ser responsabilizado por isso. A sua atitude de ´vítima´ já enoja! O que ainda não se conhece mesmo são as razões que irão levar a este PEC 4, quando os governantes diziam que não seria necessário mais nenhum, o que estará a esconder o Primeiro-Ministro?
Num dos comentários do Fecebook, alguém dava conta desta enormidade do governo em deixar o desporto dos ricos (Golf) a 6%. E, mais uma vez, perguntamos: É este o senhor da esquerda? É isto o socialismo? É este que defende o estado social? (Todos sabemos que não, apenas alguns o podem afirmar!) Pelo contrário, é este indivíduo que penaliza as famílias mais necessitadas ao retirar-lhes o abono, é este senhor que não tem escrúpulos e pinta um país de cor-de-rosa quando todas as outras instituições internacionais e até nacionais dizem que a situação é gravíssima.
Se ainda queremos acreditar neste país, vamos apostar novamente numa formação/educação sólida. Devolver à Escola a sua responsabilidade social, que implica todos os sectores sem excepção, e fazer com que esta forme homens e mulheres com qualidades que mereçam um país à imagem e semelhança de iguais capacidades.
Numa perspectiva de melhoria de um país, será necessário uma justiça social que obriga à liberdade de expressão, isto faz parte da referida educação, por isso, neste momento, importa aqui deixar as felicitações ao ‘POVO DE FAFE’, que ao seu jeito vai contribuindo para uma comunidade de língua e expressão portuguesa mais informada e permite a confrontação de ideias nos seus comentários de opinião. Importa também reforçar o seu papel e a sua missão enquanto órgão de comunicação social local, uma vez que são os únicos instrumentos que registam os acontecimentos locais com maior proximidade, ainda que estes devessem ser muitas vezes explorados de diferentes pontos de vista, o que significa registar a história de um Povo que é o Povo de Fafe.
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (18-03-2011)