sábado, 27 de março de 2010

Nem só de porrada vivem as escolas…

As Escolas estão novamente na mira dos jornais e, mais uma vez, não é pelas melhores razões. A minha geração foi apelidada das piores coisas, mas agora somos nós que acolhemos esta geração e só uma pergunta se coloca: enquanto estávamos a tirar o curso, onde estiveram os pais destes miúdos?
A sociedade portuguesa apelidou-nos durante toda a década de 90 de ‘lights, rascas…’ mas eram os mesmos que estavam e são os que ainda estão no poder hoje em dia… afinal, o que se passou na governação, nas leis do ensino e na sociedade para que os jovens não respeitem a escola? E não falamos apenas de violência com colegas ou professores, falamos também do desinteresse e da falta de responsabilidade em não cumprir com os seus próprios trabalhos.
Grande parte dos problemas das escolas deve-se à desresponsabilização dos pais, que só pensam nos próprios, e deixam transparecer isso para os que vêem neles o ‘melhor’ exemplo, ainda que não o sejam muitas das vezes. Não adianta querer tapar o sol com a peneira e continuar a viver um mundo de fantasias, ou os encarregados de educação tomam as rédeas ou não vale a pena continuar a lutar contra a corrente, porque não se consegue fazer omeletas sem ovos, e a escola terá de repensar a sua forma de actuação.
A escola tem de ser um complemento na educação e formação, jamais o único local, porque a afectividade maternal e paternal nunca a poderá dar.
Reconhecemos que educar é cada vez mais difícil, mas, por me terem apelidado de rasca, talvez compreenda bem que os rótulos e veja na outra parte, aquela que acredita que pode chegar a algum lado e que tudo faz para que os seus resultados sejam bons ou, pelo menos, razoáveis, uma geração de força. Contudo, o mais curioso, é que a análise mostra-nos que estes conseguem ter uma família estruturada, onde um pai e uma mãe se preocupam com o seu dia-a-dia… e não usam a escola como um depósito de filhos!
Não estará na altura de repensar as famílias?
Pedro Miguel Sousa
in Jornal Povo de Fafe (26/03/2010)